Daí que tô na lojinha de doces e já garro conversa com um senhor que, creio eu, deva ter lá pela casa dos seus setenta e lá vai uns. Comento alguma bobagem sobre o docinho que ele tem nas mãos e ele diz que é "para a namorada dele" emendando que a conhece há cinquenta e seis anos. Penso eu automaticamente que ele chama a esposa de namorada mesmo depois de tantos anos, e ele se apressa em explicar. Foram namorados na adolescência, depois cada um seguiu a sua vida. Ela casou. Ele casou. Se separaram e agora se reencontraram e estão namorando. Né? Por que não dar uma segunda chance para essa história? Ainda há tempo para a delicadeza. Bom, mas diante do brilho dos meus olhinhos acessos pela comovente história do senhorzinho, ele me diz que o namoro é por pouco tempo. Ela está de partida para o Paraná. Quer morar mais perto dos filhos e netos. Como nada pode estragar o MEU momento mágico, digo que ele vai junto, e ele levanta a manga da camisa e mostra uma tatuagem. Filhos e netos. Diz que também tem o pessoal dele aqui e não pode ir. Termina o papo com um "tudo bem" entre o conforto e a certeza de estar vivendo dias repletos que não dão quiçá espaço para pensar no futuro. E eu fui embora com a certeza de que nem sempre os finais felizes acontecem no fim.
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