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Um tangaço para o meu pai!

Quando eu era menor, pequena nunca fui, lembro do meu pai debruçado na vitrola ouvindo ópera, quando não, tango. Mas não era só ouvindo. Ele vivia todas aquelas árias. Uma sofrência só. Isso quando não batucava saleroso os refroes dos tangaços preferidos. Às vezes pegava o violão e me chamava pra ouvir " qué bonitos ojos tienes
debajo de esas dos cejas" e que eu entendia "debajo de sete quedas" e não via sentido algum. Cachoeira? Catataratas?
Lembro também da gente discutindo os editais do Jornal do Brasil madrugada adentro, filosofando sobre a vida, enganando a morte.
Meu pai não era muito de festa. Não dessas tradicionais. A festa era ele mesmo. Onde chegava era um acontecimento. Não nasceu mesmo pra ser plateia. Não que isso fosse sempre um conforto, mas era ele. Meu pai. Com todos os bônus e ônus. Herói possível. Que errava muito, mas acertava também. Dotado de um grau de humanidade que anda nos faltando hoje nesse mundo cada vez mais hostil. Meu Dom Quixote e seus moinhos de vento. Minha Caixa de Pandora, meu enigma da pirâmide. Meu pai que anda comigo na minha boca, nariz, sentimentos e alguma pirraça. Obrigada, pai. Eu sou porque você foi. E é.

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