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"Cidadezinha"

    Moça donzela debruçada na janela,
    se arruma, se apruma, pois lá no morro, na capela,
    bate seis horas da Ave Maria.
    Moço bonito e  faceiro a quem ela dedica
    noites de lua cheia, apertando contra o peito o travesseiro,
    já lá vem pelo passeio, cantarolando velha melodia.

   Como sempre pára debaixo da janela,
   sorri e lhe faz um gracejo.
   Ela, como rubra rosa se recolhe um pouco, pudica encolhe o corpo,
   para em seguida, de soslaio, exibir ofuscante feito raio, um tom de
   abuso no pouco de um colo farto.
 
   Tinha certeza de que um dia ele a levaria,
   simbora rumo a cidade grande, 
   homem interessante, inteligente, viril,
   cavalo branco pela pradaria.
   Outro igual nunca se vira, nem o filho de Seu Nestor, 
   que pra casar prestava não, ficou velho sem namorar,
   ninguém entendia, até que um dia, sumiu, foi-se embora com um primo, feliz,      pro exterior. 
   Ôh cidadezinha essa de meu Deus!! 
   
   Lá vem moço bonito e faceiro mais uma vez...





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