Pular para o conteúdo principal

"DIA DE SOL, FESTA NO MAR E UM BOTEZINHO A DESLIZAR..."

Segunda, por do sol na praia em boa companhia, amiga de infância, filhos, sobrinhos...cenário perfeito para terminar um intenso e agradável feriado, até que...

"-Pai, aluga uma motinha prá mim?"

Pedro queria brincar com um daqueles "botes infláveis" que se alugam na beira da praia. O tempo não estava muito firme, o mar "puxava" mas...bom, lá foi o Pedro com os primos, Henrique e Vitória, alugar o tal bote. Como eram três crianças, Pedro ficou com um modelo que parece um Jet Ski e os primos pegaram um modelo parecido com uma lanchinha. Estavam super empolgados para entrarem na água, mas quando não tinha nem uns dez minutos que tinham entrado, escuto a minha cunhada gritando:

"-Henrique, Henrique, olha o bote!" Eles (Henrique e a irmã) se descuidaram e o bote foi indo, indo, indo...
E agora? Quem vai pegar o bote? A praia não estava cheia. Não tinha caiaque, nem barquinho, nem jet ski...O que fazer? Pior que o danado do bote foi-se embora deslizando mar afora numa rapidez impressionante. Em poucos minutos já era só um pontinho preto distante.Já era...

Minha amiga foi com o meu sobrinho até o rapaz que alugava os botes e informou o que tinha acontecido. Ele obviamente não gostou nada, nada...disse que ainda recomendara cuidado devido as condições do mar, que por isso sempre pedia a presença de um responsável na hora do aluguel, e coisa e tal...enfim, teríamos que pagar uma multa de 40,00 pelo bote. Pensamos: "bom, dos males o menor, ainda bem que não tinha nenhuma criança dentro do bote!" Como não queríamos nos estressar (mais,né?!) ainda ficamos por um bom tempo na praia, tentando recuperar a "paz" perdida. Mal sabíamos que, seria tempo suficiente para nos surpreendermos com o que veríamos a seguir.

Na hora em que o bote começou a ir para alto mar, só havia uma pequena lancha parada na praia. Estava bem próxima a nós e com certeza seus ocupantes devem ter assistido a tudo, ainda que não tivessem esboçado o menor sinal de que pretendiam nos ajudar. Pois foi justamente essa mesma lancha que, passados cerca de quinze minutos do ocorrido, vimos atravessar toda a praia e ir em direção ao bote. Ficamos então, na expectativa de que a lancha fosse pegar o bote. Nessa hora, meu sobrinho me perguntou: "Tia, você acha que se eles pegarem o bote vão devolver?" Foi aí então, que começamos um verdadeiro "bolão" para ver quem acertaria qual seria a atitude dos ocupantes da lancha. Confesso que eu bem empolgada, quase no mesmo tom do último discurso de "Martin Luther King", respondi para o meu sobrinho: "Eles vão devolver sim, Henrique! Ainda acredito no ser humano!"

Quando a lancha se aproximou do bote, rodou, rodou...parecia que era um resgate difícil, o que aumentava ainda mais a nossa expectativa. Finalmente quando a lancha se moveu outra vez, não vimos mais
o bote na água. Eles tinham pegado o bote! Ôba!

Para nossa surpresa e decepção, a lancha se moveu justamente em direção ao alto mar e não em direção a praia. Simplesmente eles viram tudo o que aconteceu, foram lá pegaram o bote e foram embora. Nossa! Ficamos todos perplexos...cheios de exclamações! Era impossível acreditar que eles fariam isso. Que tipo de gente é essa que "vai dormir mais feliz" por ter "faturado" um botezinho inflável na praia? E no meio de tanta incredulidade, o meu sobrinho me pergunta de novo, instantaneamente: "E aí Tia? Ainda acredita no ser humano?" Confesso que não consegui lhe responder...como poderia argumentar alguma coisa depois dessa cena? Vou precisar de tempo para repensar alguns conceitos e depois te responder, Henrique. Por enquanto fico te devendo a resposta. Gente estranha...mesmo.

Comentários

  1. Desse dia eu não esqueço podem apagar minha memoria mais vai ter sempre um pedacinho disso la.

    Hoje agente ri mais na hora 40 mango embora.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

"AOS 21, ERA MUITO MAIS FEMINISTA DO QUE SONHAVA A MINHA VÃ FILOSOFIA!"

Quando li a notícia no blog da Lola ( http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2010/08/concurso-de-blogueiras-no-ar.html ) de que haveria um concurso para blogueiras com o tema, "A origem do meu feminismo", comecei a refletir até que ponto eu sou feminista, se é que sou. Apesar de ter minhas opiniões e convicções, não gosto muito de "rótulos". Prefiro ter a liberdade de ser "essa metamorfose ambulante". Mas, acontece que, numa breve análise da minha vida, acabei me dando conta de que a época em que "fui" mais feminista até agora, foi aos 21 anos. Época em que, talvez, eu nem tivesse a consciência de que tudo que estava vivendo, estaria colocando à prova, todos os meus mais camuflados e desconhecidos "instintos feministas". O curioso é que só agora, consigo enxergar por esse ângulo. Bom, antes tarde do que nunca! Na ocasião, meu pai, que era um pequeno comerciante e chegou a ter cinco lojas espalhadas por diversas cidadezinhas da região

KEILISTA KARAÍVA - "Garota Estileira"

Quando eu cheguei aqui no Guarujá a sua família foi uma das primeiras que conheci. Curiosamente, você foi sempre a que tive menos contato. Notícias suas só tinha assim, an passant. Sempre voando. Uma hora no Sul, outra em Sampa, outra em Trancoso. Mas em janeiro, quando te levei algumas vezes para a radioterapia em Santos, nos aproximamos. Mesmo com a morte vigiando da esquina, falávamos de vida. Das nossas vidas. Amores, dissabores e planos (e você tinha tantos!): o restaurante, sua filha, um novo amor, talvez voltar a Trancoso, quem sabe? Quem saberia, pelo menos quem ousaria,  naquele momento, pensar na estupidez da inexorabilidade da morte, esse hiato sem fim, desmantelando todos esses planos? Não sei se atropelo o sujeito ali dizendo que “quem tem planos não morre” ou, sei lá, acredito que seja melhor pensar assim que, de fato, você não tenha morrido, mas se libertado daquele corpo doente que não combinava em nada, nada, contigo.  Uma mulher inquieta, ativa, irreverente,

RESILIÊNCIA

A palavra não vem. Ela busca, rebusca, mas não vem... Talvez porque o momento peça silêncio, encapsulamento, digestão. Cansou de ser o São Jorge, pirou e comeu o dragão, mas não consegue soltar o fogo pelo nariz... Está revirando as tripas, os poros, o púbis... Frio que cala a fala em pleno sol de verão. Joga a garrafa ao mar. O socorro já chega  enfiando a mão na garganta.  Ela vomita e respira aliviada. Agora ela já pode falar. Entendeu que, mais do que comer o dragão,   precisa é aprender a comer um dia de cada vez...