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A felicidade é comezinha

Davi é meu filho caçula. Tem cinco anos, fala pelos cotovelos (ainda bem!) e tem aquela curiosidade voraz pelas coisas do mundo, que é inerente a idade. Hoje de manhã, enquanto eu fazia café, passou por mim na cozinha e disse:
-Mãe, é NOJENTO uma moça namorando um velho?
-Como assim, “nojento”, Davi? Qual o problema?
-Ah, mãe, é estranho.
-Estranho por quê? A moça não pode gostar do velho só porque ele é velho?
-Ah, mãe, pode sim. É igual no conto de fadas, ela gosta do velho e a fada toca a varinha mágica nele e ele vira moço.
-Não, Davi. Não é assim. Se a moça gostar mesmo dele, vai gostar dele de qualquer jeito, velho, novo, feio, bonito, não importa.  Pode ser nova gostando de velho, velha de velho, velha de novo, novo de nova, enfim, não tem problema nenhum. E se a mãe fosse casada com um homem mais velho, por exemplo?
 Davi responde aflito:
-Não, mãe. Você poderia pegar uma doença!
-Davi, velhice não se pega. Velhice não é doença contagiosa. Olha só, quando você for rapazinho e, por um acaso, gostar de uma moça mais velha, o que vai fazer? Vai deixar de gostar dela só porque ela é mais velha?
Davi fica absorto em seus pensamentos por minutos preciosos e responde convicto:
-Vou continuar gostando dela, mãe. E não vai ser estranho!
-Então! É isso que importa! Quando você gosta, é assim, você gosta e pronto.
- Ah, tá! Valeu, mãe, por me explicar!


Com um sorriso no canto da boca, fico olhando Davi saindo de banda. Valeu, filho, por mais uma oportunidade de entender que "se o amor é azulzinho", a felicidade é comezinha. 


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