Contra o tempo,
corro tentando colocar o corpo, a cabeça e a casa em ordem. Há sempre o hiato
na volta porque já não sei exatamente de onde volto. Não me reconheço mais em
meus pares, agora tão díspares e igualmente queridos, para sempre amados. Estrangeira
onde quer que eu vá, sempre é aqui, em mim, que me encontro, cavucando meus desencontros, amores, dissabores,
alegrias e afins.
O cotidiano bate à porta. Não abro, mas ele mete os dois pés
na porta e entra. Por que uma empresa imagina aumentar a sua produtividade aumentando
em uma hora diária a carga horária de trabalho? Por que a suspensão do carro
está fazendo barulho? Por que o gato está tão magro? Por que essa planta
murchou? Será que sentiu a minha falta? Bobagem! Nem pessoas estão murchando
mais por saudade.
Entre meus emails, procuro por aquele que “vai mudar a minha
vida”. Eu sei, ele não existe. Provavelmente nunca chegará, mas o gostoso é a
espera no portão. Rodo pelas redes sociais e por alguns sites frequentemente
visitados, cumprindo um rito quase sagrado (não ler é pecado), quando me vem à
cabeça um post de um amigo virtual, falando
sobre a “possibilidade de querer ser um intelectual”:
Sim, possibilidade de
querer ser porque ser é algo que não sei se alcançarei um dia.
Poder abrir mão do conforto da ignorância e, ainda sim, desfrutar do prazer de "saborear" texturas e "observar" paladares diversos. Perder aos poucos o agradinho mais ou menos de enxergar as cores apenas em seus tons primários e experimentar a dor e o gozo dos múltiplos tons, entre opacos e desgastados, às vezes em cinzas variados ou brancos, de tanta luz.
Em certos momentos, a mesma escolha que leva a quartos escuros de ausência de todas as cores, um breu e um medo - não, muitos medos-, incertezas e ansiedades. Há um quê de desilusão em experimentar os caminhos aos quais o trem da busca pelo conhecimento nos leva. Entretanto, é inegável que a excitação das descobertas, mesmo que nem sempre (ou quase nunca, em verdade) cromadas com o pincel da esperança, é elemento nobre desse (des)caminho.
Primeiro, a crise da grande mudança de patamar dos problemas a serem discutidos; depois, o aprofundamento da sensação de ser "bandido" no mundo. Logo em seguida, o desmanchar do senso comum, "mãe, inventaram minhas tradições" Tudo isto, ao som de Bille Holiday . (Welber Santos)
Poder abrir mão do conforto da ignorância e, ainda sim, desfrutar do prazer de "saborear" texturas e "observar" paladares diversos. Perder aos poucos o agradinho mais ou menos de enxergar as cores apenas em seus tons primários e experimentar a dor e o gozo dos múltiplos tons, entre opacos e desgastados, às vezes em cinzas variados ou brancos, de tanta luz.
Em certos momentos, a mesma escolha que leva a quartos escuros de ausência de todas as cores, um breu e um medo - não, muitos medos-, incertezas e ansiedades. Há um quê de desilusão em experimentar os caminhos aos quais o trem da busca pelo conhecimento nos leva. Entretanto, é inegável que a excitação das descobertas, mesmo que nem sempre (ou quase nunca, em verdade) cromadas com o pincel da esperança, é elemento nobre desse (des)caminho.
Primeiro, a crise da grande mudança de patamar dos problemas a serem discutidos; depois, o aprofundamento da sensação de ser "bandido" no mundo. Logo em seguida, o desmanchar do senso comum, "mãe, inventaram minhas tradições" Tudo isto, ao som de Bille Holiday . (Welber Santos)
Não tenho a pretensão, perfeitamente cabível
ao meu amigo, de me tornar uma intelectual. Por enquanto, vou tateando, vibrando
quando vírgulas, crases e porquês não me dão rasteiras. Mas, Welber, como a
gente costuma dizer quando um post é bom: “esse é pra levar pra vida!
Tudo isto, ao som de Jason Mraz, que me persegue há dias, não sem razão.
Comentários
Postar um comentário