Eu tive duas gestações bem tranquilas, diga-se de passagem. Nada de dores, inchaços, sobrepeso ou qualquer outra intercorrência costumeira que se possa creditar às gestantes. Duas cesáreas. A primeira tão tranquila que no quinto dia pós cirurgia tinha que me lembrar a todo custo que estava recém operada e não podia me exceder. Em casa, novas experiências. Nunca tinha cuidado de criança alguma, e mais do que instinto materno, tive instinto de sobrevivência pra cuidar de mim e de uma outra vida que se apresentava ali, diante dos meus olhos, em fragilidade e dependência. Com toda a alegria que eu tenho em ser mãe de dois carinhas maravilhosos, devo confessar que nem sempre foi fácil. É tenso, sim, é cansativo, sim, tem horas que dá vontade de sair correndo, sim. Porque às vezes o leite empedra, o umbigo não cicatriza, o choro vem fácil e o sono fica difícil. Aos poucos, tateando, fui aprendendo a tornar as coisas menos pesadas ou menos angustiantes. Ah, porque sim, às vezes dá uma angústia danada também. Eu pude escolher ser mãe, de dois filhos, na idade que eu quis, com plano de saúde e médica de confiança, com uma certa estrutura que me permitiu um bom puerpério, e ainda assim foi difícil. Sabia que seria assim. Mas decidi, junto com o pai deles com quem sempre pude contar, coisa que muitas mulheres não podem, participar do "evento" que é ter um filho, o que inclui bônus e ônus. Não sou "mãezinha", " super mãe" ou qualquer outro adjetivo para o endeusamento de um momento que cada uma, de acordo com a sua vivência e contexto, reage de uma forma, e que muitas optam por nem passar. Sou mulher vivendo experiências mil e em franca evolução. A maternidade é uma das minhas vertentes mas não somente o que me define. E se durante a vida toda o que menos precisamos é de julgamento, já que existe uma sociedade dogmática e patriarcal fazendo isso o tempo todo, não é no período do puerpério que esse julgamento seria necessário. Quem não puder contribuir com algo positivo para o momento, o silêncio já é um presente. A mãe, a criança, e quiçá o mundo, agradecem!
Quando li a notícia no blog da Lola ( http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2010/08/concurso-de-blogueiras-no-ar.html ) de que haveria um concurso para blogueiras com o tema, "A origem do meu feminismo", comecei a refletir até que ponto eu sou feminista, se é que sou. Apesar de ter minhas opiniões e convicções, não gosto muito de "rótulos". Prefiro ter a liberdade de ser "essa metamorfose ambulante". Mas, acontece que, numa breve análise da minha vida, acabei me dando conta de que a época em que "fui" mais feminista até agora, foi aos 21 anos. Época em que, talvez, eu nem tivesse a consciência de que tudo que estava vivendo, estaria colocando à prova, todos os meus mais camuflados e desconhecidos "instintos feministas". O curioso é que só agora, consigo enxergar por esse ângulo. Bom, antes tarde do que nunca! Na ocasião, meu pai, que era um pequeno comerciante e chegou a ter cinco lojas espalhadas por diversas cidadezinhas da região...
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