O vento trouxe o cheiro do pó de arroz que a minha mãe usava quando eu era bem menor, já que pequena nunca fui, apesar de meu pai sempre me chamar de miúda. Eu lembrei que dias assim, de ceu azul e sol alto, traziam enorme angústia quando ela atravessava o portão e saia. Se abaixava pra me beijar e dizer que já voltava, e deixava comigo só o cheiro do pó de arroz. Era com esse cheiro que eu a acompanhava entre as grades da janela até ela sumir no final da rua. Nunca um cheiro representou tanto pra mim a sensação de perda como o cheiro desse pó de arroz. Custava a me afastar da janela e volta e meia conferia para ver se já havia um retorno de quem prometera jamais me abandonar. E sim, ela sempre voltava. O cheiro do pó de arroz voltava primeiro e anunciava a felicidade que viria a seguir. Agora era o cheiro da felicidade, do reencontro, nao mais da angústia. Só pra dizer que era preu estar de férias e visitando a minha mãe. O corona não dei...