Quando entro na enfermaria, vejo que a pessoa a quem fui visitar está bem. Ao lado dela, outra mulher. Parece grávida. Pergunto o que há e recebo a resposta de que não é “problema com a gravidez”. Ela tem um tumor, ela tem metástase e ela não tem mais vida. É uma paciente classificada como terminal. Vomita sem parar. Quase desfalecida, agoniza ao lado de um marido apático. Impotente diante da morte? Conformado? A cena incomoda. Me incomoda. Muito. Não pela doença, não que seu martírio me ofenda. É a impotência que me corrói. O sofrimento dela me corrói. A dor dela me dói... Na sala de enfermagem pergunto se alguém pode fazer algo por aquela mulher e uma das primeiras perguntas que me fazem é se “sou sua acompanhante”. Por quê? A resposta seria diferente? Num tom burocrático, a enfermeira me explica que o caso dela é terminal, que já comunicou a família, que o médico já medicou e disse que “a deixassem morrer em paz!” Insisto. Não seria o caso de uma UTI? “Filha, não podemos fazer ...