Todo verão ele chegava com o sol. No frio das montanhas, talvez ele fosse o próprio sol na nossa casa. Chegava de férias para passar religiosamente uma semana. Nem mais nem menos. Tinha "compromissos". Os bailes de Carnaval esperavam por ele no Rio. Todo metódico, era sempre uma cerveja antes do almoço, sim, assim no singular mesmo, uma. Depois, lia os jornais e debatia as notícias comigo. "Almôndegaaa, é primo, almôndega!" dizia pra mim quando eu o apresentava pra alguma amiga. Lembro de uma vez que aos 15 anos tive que fazer uma cirurgia, e foi justamente na época que ele estava em casa. Nuos. Melhor enfermeiro não teria. Comprava as minhas uvas preferidas, conversávamos a tarde toda, me contava as peripécias da participação dele no projeto Marechal Rondon, e me fazia rir. Aliás, um humor refinadíssimo. Um cara ímpar, inteligente, e também muito responsável por quem eu sou hoje. Mas a vida, essa danadinha, às vezes nos afasta fisicamente das pessoas que gostamos. Eu vim para São Paulo e ele continuou no Rio. Vivendo. Teve uma filha maravilhosa, a Carol, sua paixão, a quem hoje gostaria de abraçar e dividir a emoção de ter que dar adeus a quem só nos fez bem, que tanto nos acrescentou. Um conforto poder ter convivido com ele durante a minha infância e adolescência. Um pedaço bom da minha vida se vai hoje. Como diz a Eliane Brum, salvo engano, "a gente morre muitas vezes antes da vez derradeira".
Obrigada por tanto, tio Wilson. Eu sou porque você foi.
Lindo, mana! Esse foi um cara diferente, que fez a gente ser diferente!!
ResponderExcluirQue siga com a gente. Pra sempre.
ExcluirQue assim seja!
ResponderExcluir