Apesar de ter nascido sob um regime ditatorial,
ela não se intimidou. A omissão
seria a opção mais provável para quem vivia numa situação privilegiada em relação
à maioria da população, mas ela fez uma escolha diferente. Foi à faculdade, tornou-se
mulher, esposa, mãe e, ainda assim, nada disso calou a inquietação que sentia. Queria mais,
queria a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa,
queria o módico direito de “usar um celular” e a utopia de derrubar um governo
que há mais de 30 anos estava no poder.
Mesmo que houvesse convicção, sabia que o caminho escolhido
não seria o mais fácil. Com a família ameaçada, tentativas de submissão e até
mesmo de assassinato, contrariou as expectativas e fez da repressão o combustível primordial
para o aumento do seu engajamento
político. Foi às ruas, participou e
organizou protestos, foi presa por diversas vezes, e tornou-se um dos maiores ícones
na luta contra um governo opressor, sobretudo legitimada pelo seu povo, ao qual
retribuiu, tornando-se porta voz, levando
o clamor de toda uma nação aos quatro cantos do mundo. Quando questionada sobre o apoio da comunidade internacional, se apressava em dizer que seus laços com
organizações e outros países eram laços entre iguais e não subordinação, deixando claro a autonomia, uma de suas principais características até hoje.
Em 2005, junto com mais sete mulheres jornalistas e
ativistas, numa atitude sem precedentes, fundou o “Mulheres Jornalistas Sem Correntes”, uma organização calcada na defesa dos direitos humanos, e que acabou se tornando um marco no seu
histórico de conquistas, aumentando, e muito, a sua visibilidade.
Em 2011, os protestos contra a longa opressão causada pelo governo em seu país aumentavam,
e ela encabeçou os movimentos mais representativos em oposição ao regime, dentre eles, o chamado
“Dia de Fúria”, similar aos que haviam inspirado as revoltas no Egito e na Tunísia. Eram
os ares da Primavera Árabe chegando ao Iêmen, onde a jornalista e ativista Tawakul Karman foi peça fundamental para a sua disseminação : “Nós vamos continuar até a queda do regime
de Ali Abdullah Saleh ... “ foram as palavras de Tawakul Karman, no dia 17 de
março de 2011. E assim foi feito. Não
resistindo a pressão, no dia 25 de fevereiro de 2012, Saleh, finalmente,
renunciou à presidência e transferiu o poder para o seu sucessor depois de 33
anos.
Ainda em 2011, Tawakul Karman é anunciada como uma das laureadas do Prêmio Nobel da Paz
pelo seu ativismo político. Do acampamento onde estava em resistência ao
governo de Saleh, disse que não esperava e dividiu o prêmio com todos da Líbia,
Síria e Iêmen que, como ela, lutavam por uma vitória pela demanda de cidadania
e direitos humanos. Logo em seguida, na esteira da sucesso do prêmio, viaja ao Quatar em busca de apoio para a instalação de uma rede de rádio e TV.
Atualmente no seu facebook, Tawakul
Karman se define “como uma cidadã do
mundo, tendo a terra como pátria e a
humanidade como nação.”
Em sendo o Brasil também a sua pátria e nós sua nação, esperamos receber em breve a visita dessa grande mulher que tem muito a nos dizer sobre seus ideais de justiça e liberdade.
Karman, "su casa mi casa"!
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